Espaço da Educação Infantil e a Abordagem Reggio Emília: uma proposição

Palavras-chave: arquitetura escolar; abordagem Reggio Emilia; educação infantil;

Resumo

O ambiente escolar tem vital importância para as vivências e o aprendizado de crianças na primeira infância. É nesse espaço físico que, muitas vezes, acontece a socialização e o desenvolvimento de habilidades que serão refletidas na formação do indivíduo na vida adulta. Desse modo, a proposta pedagógica adotada pela escola necessita estar em concordância com a arquitetura do local para manter os alunos motivados e envolvidos durante o processo de aprendizado, além de despertar um sentimento de pertencimento e identificação àquele espaço. A abordagem Reggio Emília nasceu na Itália, na década de 1960, preconizando a liberdade de exploração para que as crianças encontrem diferentes maneiras de expressão. Nesse sentido, a metodologia trata o espaço escolar como o terceiro professor, juntamente com os outros dois que trabalham em sala de aula, já que ele é responsável por proporcionar diversos tipos de manifestações dos alunos. Assim, ambientes como os ateliers são necessários para que as mãos e mentes das crianças possam ter liberdade para criar, escavar e explorar promovendo interação e conhecimento. Entende-se que uma escola construída para a metodologia Reggio Emília é única e os ambientes refletem parte da cultura local, histórias e questões da comunidade em que está inserida. Por isso, o presente estudo procurou identificar as principais diretrizes relacionadas à arquitetura nessa abordagem, baseando-se em autores das áreas de educação e arquitetura e urbanismo, e propôs um projeto arquitetônico adequado ao contexto do município de Campo Grande/MS, Brasil. Logo, a proposição espacializou os conceitos de flexibilidade de usos, ludicidade, integração com a natureza e comunidade em um projeto horizontal capaz de compatibilizar o espaço construído e a orientação pedagógica.

Palavras-chaves: Arquitetura escolar. Abordagem Reggio Emília. Educação infantil.

ABSTRACT: The school environment is really important for the experiences and learning of children in early childhood. It is in this physical space that, many times, socialization and the development of skills take place, which will be reflected in the formation of the individual in adult life. Therefore, the pedagogical proposal adopted by the school needs to be in agreement with the architecture of the place to keep the students motivated and involved during the learning process, besides awakening a feeling of belonging and identification to that space. The Reggio Emilia approach was born in Italy in the 1960's, advocating freedom of exploitation for children to find different ways of expression. In this sense, the methodology treats the school space as the third teacher, together with the other two who work in the classroom, since it is responsible for providing different kinds of manifestations of the students. Thus, environments such as workshops are necessary so that the hands and minds of children can have freedom to create, dig and explore promoting interaction and knowledge. Still involved with the environment, proximity to nature represents comfort and humanization. It is understood that a school built for the Reggio Emilia methodology is unique and the environments reflect part of the local culture, stories and issues of the community in which it is inserted. Therefore, the present study sought to identify the main guidelines related to architecture in this approach, based on authors from the areas of education and architecture and urbanism, and proposed an architectural project appropriate to the context of the municipality of Campo Grande/MS, Brazil. Therefore, the proposal specialized the concepts of flexibility of use, playfulness, integration with nature and community in a horizontal project capable of making the built space and pedagogical orientation compatible.

Keywords: School architecture. Reggio Emilia approach. Early childhood education.

RESUMEN: El entorno escolar tiene una importancia vital para las experiencias y el aprendizaje de los niños en la primera infancia. Es en este espacio físico donde a menudo se produce la socialización y el desarrollo de habilidades, lo que se reflejará en la formación del individuo en la vida adulta. Así, la propuesta pedagógica adoptada por la escuela debe estar en consonancia con la arquitectura del lugar para mantener a los estudiantes motivados e involucrados durante el proceso de aprendizaje, además, despertar un sentimiento de pertenencia e identificación con ese espacio. El enfoque de Reggio Emilia nació en Italia en los años 60, abogando por la libertad de explotación para que los niños puedan encontrar diferentes formas de expresión. En este sentido, la metodología trata el espacio escolar como el tercer maestro, junto con los otros dos que trabajan en la classe, ya que se encarga de proporcionar diferentes tipos de manifestaciones de los estudiantes. Por lo tanto, los ambientes de los talleres son necesarios para que las manos y las mentes de los niños puedan tener libertad para crear, cavar y explorar promoviendo la interacción y el conocimiento. Se entiende que una escuela edificada para la metodología de Reggio Emilia es única y que los ambientes reflejan parte de la cultura local, las historias y los problemas de la comunidad que lo rodea. Por lo tanto, este estudio trató de identificar las principales directrices relacionadas con la arquitectura en este enfoque, basándose en autores de las áreas de educación y arquitectura y urbanismo, y propuso un proyecto arquitectónico apropiado al contexto del municipio de Campo Grande/MS, Brasil. Por lo tanto, la propuesta permitiu espacializar los conceptos de flexibilidad de uso, lúdico, integración con la naturaleza y la comunidad en un proyecto horizontal capaz de compatibilizar el espacio construido y la orientación pedagógica.

Palabras clave: Arquitectura escolar. Metodología Reggi. Educación Infantil.

Biografia do Autor

Karina Trevisan Latosinski, UFMS

Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Santa Maria/RS (2012) e mestrado pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de Santa Maria/RS (2015). Atuou como professora da Universidade Católica Dom Bosco (2015-2016) e atualmente compõe o quadro de professores da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Possui experiência com projetos de arquitetura e sistemas construtivos; compõe o Grupo de Pesquisa Canteiro Experimental UFMS e coordenou o Laboratório de Pesquisa e Documentação em Arquitetura e Urbanismo - AU.doc/UFMS

 

Nina Alt Carvalho, UFMS

Possui curso técnico em Informática pelo IFMS - Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (2014) e graduação em Arquitetura e Urbanismo pela UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2020). Durante a graduação, participou do Grupo de Pesquisa Canteiro Experimental UFMS atuando como voluntária do Projeto: "Produção de material didático voltado ao ensino de sistemas construtivos: teoria e prática" (2016). Também participou como bolsista do Projeto de Extensão: "Perfil Socioambiental no parcelamento Jardim Sayonara, em Campo Grande/MS, para Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social - ATHIS" (2018). Além disso, atuou como Gerente de projetos de arquitetura dentro da Empresa Júnior de Engenharias e Arquitetura ENGEFOUR Jr (2019);

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Publicado
2020-12-30
Seção
Dossiê: Escola, Aprendizagem e Fundamentos dos Processos Pedagógicos