A PRESENÇA DO AFETO E DA IMAGINAÇÃO INFANTIL NA CONSTRUÇÃO DA JORNADA DE FORMAÇÃO EM O MEU PÉ DE LARANJA LIMA
Resumo
A obra O meu pé de laranja lima (2019), de José Mauro de Vasconcelos, apresenta o percurso de Zezé, um menino que, diante da realidade hostil que o cerca, usa a imaginação para se refugiar. A obra trata-se de um romance de formação (Bildungsroman) uma vez que exprime a jornada de amadurecimento do personagem. Na literatura, sobretudo a juvenil, constantemente é explorada a trajetória de desenvolvimento dos personagens, tornando-se um terreno fértil para a consolidação da literatura. O meu pé de laranja lima (2019) possui característica que são observáveis em um Bildungsroman. Em um romance de formação, o amadurecimento é o foco principal, ou seja, ele é o cerne da questão. Outro fator que o caracteriza como tal é que diante de seu amadurecimento Zezé tem consciência de sua mudança (Santos, 2016, p.37). O protagonista sofre com a violência doméstica e consequentemente nutre uma amizade com um pé de laranja lima na qual se torna uma espécie de “ombro amigo”. Esta pesquisa tem como finalidade apresentar fatos que corroboram com a confirmação da hipótese de que diante do sofrimento Zezé usa como “válvula de escape” sua amizade com a árvore. Em relação à metodologia, a pesquisa é classificada como qualitativa, bibliográfica e explicativa, tendo como importante referencial teórico as reflexões de Jean Piaget no que tange ao jogo simbólico presente na vida da criança como uma maneira de lidar com a dor que está exposta. Por fim, a pesquisa visa apontar que Zezé usa da brincadeira com a árvore para elaborar suas emoções, lidando melhor com os diversos sentimentos que o cercam como a necessidade de afeto e a solidão.
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